E foi muito estranho. Ela perguntava de você, porque não sabia sobre como nosso fim tinha sido trágico e eu me lembrei daquela pessoa que um dia você foi, lá atrás. E me doeu. Doeu como se dói quando alguém que a gente ama morre.
E eu nem escrevo esse texto pra você. Porque esse você que continua existindo no universo é tão diferente daquele homem incrível que eu gostei lá atrás. Nada mudou. Eu continuo achando você um idiota. Continuo querendo distância de tudo que você é e de tudo que você representa.
Mas na fantasia... aquela primeira pessoa que eu conheci e que eu gostei, hoje eu chorei, em luto. Porque o simples nunca foi fácil, muito menos para quem possui um coração no lugar onde tantos possuem uma pedra de gelo.
Sei exatamente como você se sentiu... Lembrei quando meu psiquiatra diagnosticou uma reação de luto em mim, na ocasião em que uma pessoa muito amada tinha se mudado para longe. Negação, raiva, negociação, depressão e aceitação... Foi um longo caminho até voltar a sentir que ela estava viva, continuava me amando e seríamos as mesmas, uma para a outra. E então, depois de cruzar o país para vê-la, volto transtornada com a sensação de que eu tinha me guardado dentro de uma caixinha de recordações, incapaz de enxergar que ela tinha mudado e se transformado em alguém cruel, insensível... Precisei, de uma vez por todas, enterrá-la.
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