domingo, 12 de junho de 2011

Só porque você se foi


Não tem uma data especifica para eu sentir saudade de ti. Eu quase nunca choro – seja qual for o motivo, e não é por mal, você sabe, é auto-defesa de um coração cansado. Mas, meio como que se motivos (como se não bastassem todos os existentes) eu desabo. Não é só choro, é falta. Falta de você aqui comigo para pegar na minha mão e me ajudar a passar por tudo isso. Falta do silêncio que você procurava manter perto de mim. As pessoas se acostumaram a gritar comigo só porque você se foi. E não volta.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fake woman


As fotos são lindas, o orkut todo decorado e mais de dez álbuns para comprovar o quanto a vida dela é interessante. Depoimentos fofos e quase mil amigos que mandam diariamente scraps cheios de ursinhos, borboletinhas, fadinhas, coraçõezinhos apaixonantes.

Isso seria tão lindo, tão meigo e tão digno de inveja se ela não fosse uma completa fraude. Se ela não fosse a menina mais vazia e sem conteúdo que eu já conheci na minha vida. Se ela não fosse apenas um corpo humano, vivendo uma vida virtual e só.

Para ela, todos os joguinhos de implicar com a rival, de fazer piada com a rival, de desmerecer a rival, de chamar a rival de feia e até de reparar em como a rival se veste... tudo isso é tão interessante que ela nem reparou que tem muito tempo que a rival não é mais rival.

Ela podia ser bem mais que fotos bonitas, mas não é. Até a inteligência é artificial e nunca se viu nada, nenhum textozinho sequer que ela mesma tenha feito. E que diabos de mulher é essa que não consegue escrever o que se passa com ela? Que raios de mulher é essa que só sabe reproduzir o que ver por aí? Mulher fake.

Falsa. Tudo nela é falso. E logo ela que foi criada para ser uma princesa. Olha só no que se tornou: uma pessoa que vive na internet querendo ser popular... uma pessoa que nunca teve um relacionamento real com alguém que desse certo... uma pessoa que dedicou anos da sua juventude para atingir uma suposta rival... uma pessoa que não conhece a si mesmo.

Ela já foi digna de pena, hoje em dia nem isso mais. É triste ver uma pessoa que sempre teve todas as armas para ser de fato real, viver presa no mundo cibernético fazendo mais o mal do que o bem. O mal para si, o mal para os outros. Piadinhas desagradáveis aqui, comentários maldosos ali e assim é que ela vai seguindo a vidinha medíocre que optou por ter.

Os anos vão passar, ela vai ser uma velha de relacionamentos fracassados, sempre vivendo mais a vida dos outros do que a própria, sempre inventando um mundo onde só existe ela, sempre tendo medo de encarar a realidade. O tempo vai passar, e tudo o que vai continuar fazendo é tendo fantasias em cima de fantasias, sonhos em cima de sonhos que jamais vai conseguir realizar.

Por fim, ao terminar de ler esse texto, vai me chamar de invejosa e dizer para si que eu perdi para ela, que eu sou feia, que eu não me conformo com isso e com aquilo. Ela vai imaginar mil e uma maneiras de tentar me atingir por se sentir ferida com tudo o que leu. Talvez se cale, para mostrar que é superior a tudo isso. Mas um dia, que não tarda, ela vai perder a linha como sempre faz, e vai continuar sendo oca, louca e pouca. Não me meto, cada um escolhe como quer viver.

Nota da autora: Esse texto foi feito para a pessoa mais mal amada que eu conheço, para a pessoa mais infeliz e descompensada que existe. Para pessoa mais fake que você possa imaginar. Para pessoa que se tranca no banheiro pra tirar fotos e confirmar o quão vã é sua sabedoria. Mas espera... Que sabedoria? Oca!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Desencontros de vidas


O que eu escrevo hoje ninguém vai entender. Talvez só eu. Você. E corações que vieram de outras vidas. De outros mundos. De um sonho. De anos que nem me lembro. Seus olhos pararam em mim em 1516. Éramos ingleses e eu dançava com um vestido vermelho que vagamente tampava meu corpo. Seu olhar desvendava meu decote e você – ternamente – convidou-me a viver sua vida. Fui, corajosa que sempre vivi, embriagada por seu cheiro. Embalada por sua voz que me prometia uma dança. Eu – que tanto acreditava em sonhos e amores-perfeitos - fugi de um destino infeliz e te encontrei. Fui feliz. Fui triste. Te perdi. Me encontrei. Assim é a vida.

Hoje acordo. O sol lá fora dá o ar da graça. Nenhum clima europeu paira no ar. Estou no Brasil, em pleno mês de setembro, no meu quarto que mais parece um conto de fadas moderno. O ano? 2006. Era da internet, da música eletrônica, da tv a cabo, da liberdade sexual (muito teoricamente falando). Época da falta de tempo, de Mac Donald’s, de mini-celulares, de silicone e dos desejos a flor da pele. O amor não acabou, a vida não melhorou. Nem piorou. Estamos na mesma: há muitas vantagens e desvantagens de vivermos nesse milênio. Hoje sou Monalisa. Não sou Mirela, nem a Odara que talvez tenha sido um dia. Vivi com nome cigano, em algum engano (ou sonho meu), trazendo comigo uma sensação que não me deixa. Você que não me deixa. Nós que sempre nos procuramos e sempre nos perdemos.

Há tempos já te conheço. Hoje sei seu nome. Não uso mais vermelho. Não danço mais em tabernas. Mas continuo corajosa. Continuo ousando. Continuo escrevendo minha vida. Continuo dançando.
Continuo te amando.
Mas os tempos mudaram. Mudaram-se os espaços, os sonhos. O que faremos com o que sabemos de nós? Ainda não sei.

Um ano é toda nossa vida


Foi num dia de chuva, nublado, que Monalisa acordou para o mundo.
Viu que não dava mais para continuar vivendo de passado. O presente é o que importa. Agora tomada a decisão, é preparar a mente, o espírito, o corpo, para essa nova fase. Afinal, quase vinte e oito anos são quase vinte e oito anos. Ela mesma já havia escrito: um ano é toda a nossa vida.