quarta-feira, 1 de junho de 2011

Desencontros de vidas


O que eu escrevo hoje ninguém vai entender. Talvez só eu. Você. E corações que vieram de outras vidas. De outros mundos. De um sonho. De anos que nem me lembro. Seus olhos pararam em mim em 1516. Éramos ingleses e eu dançava com um vestido vermelho que vagamente tampava meu corpo. Seu olhar desvendava meu decote e você – ternamente – convidou-me a viver sua vida. Fui, corajosa que sempre vivi, embriagada por seu cheiro. Embalada por sua voz que me prometia uma dança. Eu – que tanto acreditava em sonhos e amores-perfeitos - fugi de um destino infeliz e te encontrei. Fui feliz. Fui triste. Te perdi. Me encontrei. Assim é a vida.

Hoje acordo. O sol lá fora dá o ar da graça. Nenhum clima europeu paira no ar. Estou no Brasil, em pleno mês de setembro, no meu quarto que mais parece um conto de fadas moderno. O ano? 2006. Era da internet, da música eletrônica, da tv a cabo, da liberdade sexual (muito teoricamente falando). Época da falta de tempo, de Mac Donald’s, de mini-celulares, de silicone e dos desejos a flor da pele. O amor não acabou, a vida não melhorou. Nem piorou. Estamos na mesma: há muitas vantagens e desvantagens de vivermos nesse milênio. Hoje sou Monalisa. Não sou Mirela, nem a Odara que talvez tenha sido um dia. Vivi com nome cigano, em algum engano (ou sonho meu), trazendo comigo uma sensação que não me deixa. Você que não me deixa. Nós que sempre nos procuramos e sempre nos perdemos.

Há tempos já te conheço. Hoje sei seu nome. Não uso mais vermelho. Não danço mais em tabernas. Mas continuo corajosa. Continuo ousando. Continuo escrevendo minha vida. Continuo dançando.
Continuo te amando.
Mas os tempos mudaram. Mudaram-se os espaços, os sonhos. O que faremos com o que sabemos de nós? Ainda não sei.

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