segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

As vezes...

às vezes me lembro dele. sem rancor, sem saudade, sem tristeza. sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. nunca mais o vi, depois que foi embora. nunca nos escrevemos. não havia mesmo o que dizer. ou havia? ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! é possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. é possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. fingir que encontra. acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Tanto faz


Nunca fui indiferente.
Sempre disse sim ou não. Arriscava algum talvez.
E agora não sei o que fazer. Porque agora tanto faz.
E se tanto faz, é porque algo não faz mais sentido.

Tanto faz é sentimento. Sentimento cansado. E se tivesse um corpo, faria movimentos com os ombros e iria embora.

- Alô?


- Oi.
- Oi. Como você está?
- Tô bem. E você?
- Também estou bem.


E esquecem que bem, não é feliz.

Bilhetinho de Adeus


Oi. Passei pra deixar as chaves e não resisti.
Entrei pra ver como as coisas estão. Sabia que você é menos bagunceiro sozinho?
Vi que molhou as flores, juro que achei que elas morreriam de sede!
No caminho pra cá tocou nossa música, certamente a pedido de um coração
louco por outro, como éramos no início, lembra meu bem?
Aaah! Como é bom lembrar do tempo em que eu era teu mundo,tua vida, tudo pra você.
Detesto admitir que algumas coisas mudam com o tempo.
O tempo...
O tempo é um cara de smoking, olhar penetrante, que observa a gente de longe
com um cronômetro na mão.
Você deve estar pensando: Por que ela escreveu isso?
Aaah! Não sei. Deu vontade, seilá. Assumir que entrei aqui de novo. Deixar um bilhetinho
de Adeus.
Mas agora as chaves estão devolvidas. Vou trancar a porta e deixá-las no vaso verde, como o
combinado.
Ah! Não se esqueça nunca, do cara de smoking.

Beeejo, boa semana. Adeus.

Ser Feliz é correr riscos


Feliz é aquele que saboreia quando come,
enxerga quando olha, dorme quando deita,
compreende quando reflete,
aceita-se e aceita a vida como ela é.

Há quem diga que felicidade depende,
antes de tudo, de bastar-se a si próprio;
de não depender de ajuda, de opinião e, sobretudo,
de não se deixar influenciar por ninguém.

Será mesmo?
Você pode imaginar uma pessoa assim?

Lao Tzé dizia: "Grande amor, grande sofrimento;
pequeno amor, pequeno sofrimento;
não amor, não sofrimento".

Pode imaginar você um homem sem paixão,
sem desejos?
A felicidade, entendida assim,
não seria apenas um engôdo,
algo contra a natureza humana?

Evidentemente!
Sem amor, sem paixão,
que sentido teria a existência?

A felicidade é proporcional ao risco que se corre.
Quem se protege contra o sofrimento,
protege-se contra a felicidade.

Quem se torna invulnerável,
torna sem sentido a existência.

O homem feliz aceita ser vulnerável.
O homem feliz aceita depender dos outros,
mesmo pondo em risco sua própria felicidade.

É a condição do amor
e de todas as relações humanas,
sem o que a vida não teria sentido.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


Não vá embora, não. Eu nunca pedi isso, mas agora que eu não preciso de você porque estar contigo é uma escolha, posso pedir. Quero que fique pelo que tem pra amar que ainda não se permitiu. Não só amar a mim, mas a uma pessoa que entenda essa sua necessidade de descobrir a dimensão do amor que você engavetou. E que faça com que não tenha medo de ser abandonada antes que tudo se complete. Antes do tempo de estar pronta pra ser uma luz pra si mesma.
Não vá embora agora, você sempre fez isso antes que doesse. Nunca saberá se doerá sempre. Nunca. Enquanto isso, carrega uma ilusão como sua única verdade. Não vá embora, eu peço porque seu olhar me pede isso.
Eu só quero que você compreenda que pode fazer alguém muito feliz.
Até lá, quem sabe, eu terei tempo suficiente pra aprender a merecê-la.

Meio termo, café-com-leite...


Trata-se de uma decepção diferente: não penso obsessivamente, não tenho vontade nenhuma de ligar nem de escrever cartas, não tenho ódio nem vontade de chorar. Em compensação também não tenho vontade de mais nada. Uma grande, uma enorme, uma devastadora falta de saco pra qualquer pessoa. Até rolaram umas possíveis galinhagens, mas não tô mais aqui pra isso, depois, ai haja forças para fazer caras & bocas, dizer coisas, arquitetar encontros, telefonemas.

(Caio Fernando de Abreu)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Para começar 2010 (um pouco tarde)


Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais...Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa. A gente se abre, o outro percebe e se abre simultaneamente_ sempre nessa expectativa do encontro. E quando flui, tudo nos parece mágico.Mas depois vem o que fazemos com tanta informação, com aquela confissão, com aquele momento de entrega. É isso que vai solidificar o que quer que tenha começado. E quando isso não é um dom, é um exercício. Sempre tenho a impressão de que meus amigos têm talento para sê-los. Que são pessoas que nasceram pra essa troca incrível, com esse jeito maravilhoso de encher de sagrado qualquer encontro. Sempre lembro que se fulano (que para mim vive em outro patamar espiritual, emocional, intelectual, etc) me es-colheu, é meu termômetro pra pensar: “vá em frente, você está vibrando na energia certa”!...Isso me faz acreditar mais em mim e a ter vontade de me melhorar diariamente porque sei que o quer que eu faça ou fale, nunca será o suficiente para parar de investir numa relação: o ser humano é dinâmico, está em constante processo de mutação e carecendo de novas trocas. Com minhas amizades aprendo, inclusive, a me relacionar afetivamente com pessoas mais saudáveis quando reflito: “beltrano, (por quem estou fortemente atraída), seria alguém que eu indicaria para minha melhor amiga ou uma filha?”Quando a resposta é NÃO! O que me fez pensar que seria o melhor para mim???É o tipo de amor que não me deixa estagnar na consciência, mas me leva à ação. Tudo que eu sou eu devo ao que fui, à minha criação, ao que me doeu longamente, às alegrias que tive, às pessoas que conviveram comigo,aos valores que me passaram e ao que transcendi. Tenho tanta consciência da importância do outro na minha vida que digo que sou viciada em gente: com seus problemas, suas virtudes, sua simplicidade, ou complexidade, com sua disposição pro amor ou a sua dificuldade de. Porque eu sempre vou encontrar casa numa característica, qualidade ou defeito do outro, nem que seja pra rejeitar naquele momento e me sentir superior ou inferior. Tudo é instrumento para que eu me trabalhe quando me deixo vir à tona através das projeções que faço. Não sou uma pessoa fácil, embora quem me veja, ache que sim. Às vezes me alimento das belezas que as pessoas me dão ou me desprezo quando me rejeitam.Sou exagerada em tudo:oscilo demais, fico melancólica demais, alegre demais, agressiva demais, doce demais, carente ao extremo, independente além da conta. Mas sempre tento estar atenta a minha responsabilidade, a ter o cuidado de dizer ao outro que o processo é meu, o problema é meu ...que ele me trouxe à tona e que às vezes no primeiro impacto isso pode ser assustador. Porque a honestidade sempre salvou as minhas relações e me permitiu ser amada sendo quem eu estava, porque somos o que estamos. Depois descobri que a gente se desilude com amigos sim, mas que ninguém tem tanta força pra me ferir. Só terá se eu der a ele esse poder. E que quando abraço uma pessoa inteira( porque eu, sinceramente, não consigo abraçar sem entrega), sei que estou trazendo pra minha vida uma pessoa com tudo o que ela tem dentro: seu passado e tudo o mais que a formou além da essência. E acredito tanto na minha intuição e na minha sensibilidade que confio que sempre haverá a troca_ de um jeito torto, truncado ou fluido_ eu só dependo da minha criatividade: com ela eu escolho se usarei meus vazios e minhas decepções pra me lamentar ou como espaços que eu tenho pra crescer ou, ainda, se saberei aceitar amor e confiar simplesmente. É por isso que críticas podem até me baquear, mas não me desnorteiam e que elogios me nutrem, mas não me envaidecem (mais)... Porque nunca fiz amigos tentando ser interessante...nem bebendo leite....hahahahahahaha (brincadeira das mais tolas num texto sério como este, mas eu não resisti! Porque é verdade!hahahaha)